Porque descrês, mulher, do amor, da vida?
Porque esse Hermon transformas em Calvario?
Porque deixas que, aos poucos, do sudario
Te aperte o seio a dobra humedecida?
Que visão te fugio, que assim perdida
Buscas em vão n'este ermo solitario?
Que signo obscuro de cruel fadario
Te faz trazer a fronte ao chão pendida?
Nenhum! intacto o bem em ti assiste:
Deus, em penhor, te deu a formosura;
Bençãos te manda o céo em cada hora.
E descrês do viver?... E eu, pobre e triste,
Que só no teu olhar leio a ventura,
Se tu descrês, em que hei-de eu crer agora?
Porque esse Hermon transformas em Calvario?
Porque deixas que, aos poucos, do sudario
Te aperte o seio a dobra humedecida?
Que visão te fugio, que assim perdida
Buscas em vão n'este ermo solitario?
Que signo obscuro de cruel fadario
Te faz trazer a fronte ao chão pendida?
Nenhum! intacto o bem em ti assiste:
Deus, em penhor, te deu a formosura;
Bençãos te manda o céo em cada hora.
E descrês do viver?... E eu, pobre e triste,
Que só no teu olhar leio a ventura,
Se tu descrês, em que hei-de eu crer agora?
in 'Sonetos'
170º aniversário de Antero de Quental
Eu gosto muito do libertário Antero!
ResponderEliminar;), somos dois!!
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