Ajuda
Alívio
Amizade
Amor
Angustia
Bad Boys
baloiço
Blogs
Campanhas Solidariedade
Changes
Conclusões
Convicções
Cover's
crescer
Crueldade
Delírios
Demência
Desabafos
Desilusão
Domingos
Erros
Escolhas
Évora
Fds
Feelings
Festas
Filmes
Fun
GENTE IDIOTA
Ilusão
Infância
Insanidade
jeitosões
Karma
Lisboa
Loucuras
Love
Maluqueiras
Medo
Mundo
Música
Noites
Nonsense
Odiozinho de estimação
paciência
Paixões
Passado
Poesia
Redes Sociais
Ressacas
Saudades
Sexo
Sítios que quero conhecer antes de morrer..
sugestivo
Vida
Wishes and Plans
3 de fevereiro de 2011
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos nada que dar.
Dentro de ti
Não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
- Eugénio de Andrade
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário